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Fraternidade e o Tráfico Humano
*Por Mario Eugenio Saturno A CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, realiza neste ano a Campanha da Fraternidade trazendo como tema o Tráfico Humano. É um tema forte para refletir durante a Quaresma. Um tema que pode unir outras religiões aos católicos, religiões que estão preocupadas em viver as Palavras de Cristo e não usá-las para acusar, criticar ou julgar. Haja vista que já existe o ?Acusador? (Satã, em hebraico) e o julgar não é uma atribuição humana impune (MT 7,1). Mas devemos julgar o mal e combatê-lo. E o tráfico humano é consequência de um sistema idolátrico, da exploração, da compra e venda de pessoas para exploração em várias atividades: construção, confecção, entretenimento, sexo, serviços agrícolas e domésticos, adoções ilegais, remoção de órgãos... As vítimas normalmente são enganadas com falsas promessas para melhorar de vida em outras cidades ou países e são jogadas em uma miséria ainda maior. Por isso, o tráfico humano é frequentemente vinculado à migração, sobretudo quando o migrante está sob alguma forma de ilegalidade dentro ou fora do país. É um crime altamente lucrativo, silencioso, de baixíssimo custo e de poucos riscos aos traficantes, em que a vítima tem a sua dignidade aniquilada, sem ter como enfrentar e lidar com a situação em que foi submetida, podendo ser vendida como se fosse mercadoria, objeto. O objetivo desta Campanha é identificar as práticas de tráfico humano em suas várias formas e denunciá-lo como violação da dignidade e da liberdade humana, mobilizando cristãos e a sociedade brasileira para erradicar esse mal, com vista ao resgate da vida dos filhos e filhas de Deus. O próprio Papa Francisco já classificou o tráfico de pessoas como uma atividade ignóbil, uma vergonha para as nossas sociedades que se dizem civilizadas! O tráfico humano é uma das questões sociais mais graves da atualidade. Não há país livre do tráfico de pessoas, seja como ponto de origem do crime, seja como destino dos traficados. Organização Internacional do Trabalho (OIT) estimou que as vítimas do trabalho forçado e exploração sexual chegam a 20,9 milhões de pessoas em todo o mundo. Sendo que 4,5 milhões (22%) das vítimas são exploradas em atividades sexuais forçadas, 14,2 milhões (68%) em trabalhos forçados em diversas atividades econômicas e 2,2 milhões (10%) pelo próprio Estado, sobretudo os militarizados. A Igreja Católica pode ajudar a superar esse difícil problema global e local que é o tráfico humano. No Brasil, a Igreja delineou três caminhos de ações principais, começando pela prevenção, cuidado pastoral das vítimas e a sua proteção e reintegração na sociedade. Uma das formas de atuação da Igreja será utilizar sua imensa rede de fiéis e sua presença em todo território brasileiro, para divulgar e conscientizar os filhos e filhas de Deus sobre a questão do tráfico humano. O pobre Lázaro retratado por São Lucas (16,20ss) lembra que muitos famintos estão às portas esperando sobras. A tarefa da Igreja e das pessoas de boa vontade não pode limitar-se a consolar Lázaro para que espere uma sobra ou um alívio, mas agir para que ele, ainda nesta vida, participe do banquete, porque é seu direito e sua salvação. *Mario Eugenio Saturno é Tecnologista Sênior do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e congregado mariano. ...


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